Cultura

Estudantes atuam em visita performativa sobre José Saramago

Fotografia cedida por Helga Sardinha

Iniciativa visa assinalar centenário de José Saramago. Interação com público foi aspeto marcante do evento. Por Miguel Santos

As alunas Virgínia Achique, Catarina Carmo, Maria Pandeirada e Lara Santos deram vida hoje a uma interpretação teatral de obras de José Saramago, que ocorreu no Centro Cultural Penedo da Saudade. Para a ‘performance’, as atrizes do último ano do curso de Teatro e Educação leram, cada uma, um livro do autor. Além disso, escreveram um texto sobre “a forma como o livro ressoou no corpo delas”, nas palavras de Hugo Inácio, que dirigiu o evento. No entanto, de acordo com o diretor, os textos “servem apenas como ponto de partida nesta representação sem narrativa”, pois nunca aparecem na performance final.

Em relação ao resultado final, Hugo Inácio diz ser “difícil” a avaliação por causa da subjetividade da performance. Declara que “as cenas são sempre muito diferentes”, mas sente-se “surpreendido” com a adesão. O diretor afirma que esta visita “desafia a vulnerabilidade do público” e que as performances são “a maneira como as alunas veem o texto que escreveram e como o querem transmitir”. Acrescentou que “há uma dramaturgia interna” e um “jogo entre o público e as atrizes”.

Quando questionadas sobre o que aprenderam com o projeto, as estudantes destacaram a “exploração da sensibilidade do público”. Outro aspeto ressaltado foi que “o texto nem sempre é importante”, pelo que a performance contou com um “registo pós-dramático”. Confessaram que, no momento da atuação, deve-se “esperar o inesperado”, pois “nunca se sabe qual vai ser o comportamento do público”. O objetivo é improvisar e “brincar com a realidade e ficção, tal como Saramago diz”, aponta o grupo.

Esta atuação trouxe novos sentimentos às atrizes, que a descreveram como “muito intensa”. As alunas destacaram a importância de saber respeitar o espaço pessoal do público. Referiram também que cada uma trouxe uma “profundidade diferente” ao espetáculo e que tentaram “fazer algo mais divertido”. No que toca à razão pela qual entraram no projeto, Maria Pandeirada reconheceu que “já admirava Saramago”, o que a fez ter iniciativa para participar no evento.

A visita albergou vários espaços do Centro Cultural Penedo da Saudade, onde o público seguiu os artistas à medida que o espetáculo se desenrolou. Na atuação constaram vários cenários, nos quais ocorreram variadas interações entre a audiência e as atrizes. A performance foi complementada por diferentes áudios, suportes e adereços.

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