A doação de ursinhos extra a crianças em instituições é principal ação de solidariedade do projeto. Organização considera que Hospital do Ursinho “vai ficar guardado na memória das crianças”. Por Ana Filipa Paz e Fábio Torres
As preparações para a XVIII edição do Hospital do Ursinho começam esta semana, com a dinamização de formações e palestras para os estudantes inscritos. O Núcleo de Estudantes de Medicina da Associação Académica de Coimbra (NEM/AAC), em parceria com oito núcleos ligados à área da saúde, volta a dar vida ao projeto.
O Hospital do Ursinho é uma iniciativa que se originou em 2004, sem fins lucrativos. Segundo Eulália Luzirão, coordenadora geral do projeto, a atividade “consiste em desmistificar o medo da bata branca”, através da adaptação de uma simulação do “ambiente vivido no hospital”. As crianças levam um ursinho de peluche consigo, que funciona como um paciente, e percorrem um “circuito que passa por consultórios, salas de radiologia e de cirurgia”, explica Susana Torres, também coordenadora.
Os estudantes de medicina recebem formação com Ana Rita Fradique, uma médica interna de formação especializada em Pediatria no Hospital Pediátrico de Coimbra. De acordo com Susana Torres, a convidada vai “ensinar a melhor forma de os estudantes abordarem e comunicarem com as crianças”. Eulália Luzirão sublinha que “as crianças não podem ser tratadas como adultos”. Deste modo, a formação é complementada por duas palestras sobre a área de pedopsiquiatria e de como comunicar com crianças com hiperatividade.




Dado o contexto pandémico, em 2021, o formato do projeto sofreu alterações e, portanto, “os voluntários passaram a ir às escolas, e não o contrário”, clarifica Eulália Luzirão. Este ano, o Hospital do Ursinho adaptou os moldes da antiga estrutura de simulação às questões da pandemia. A equipa adicionou 15 minutos de desinfeção aos turnos e um tempo em que ensinam as crianças a lidar com um teste positivo à Covid-19.
De segunda a sexta-feira, as crianças vêm de escolas já familiarizadas com a iniciativa. No sábado e no domingo, a participação estende-se a todos os interessados, na estrutura presente no Alma Shopping. Susana Torres revela algum receio de a atividade ao fim de semana ter uma menor adesão, “pelo medo que alguns pais ainda possam ter”. No entanto, a organização já “tem a confirmação de 700 crianças durante a semana”. Eulália Luzirão revela que “os estudantes universitários estão desejosos de participar nesta atividade, porque é diferente e engloba uma faixa etária com que muitos não têm contacto”.
Na semana a começar no dia 21 de março, vai ser realizada uma mesa-redonda sobre os efeitos da pandemia nos jovens e uma atividade de solidariedade. Susana Torres apela que os participantes “levem um ursinho extra para doar a instituições com crianças com défice intelectual ou motor”, pois considera que “também têm direito a ter esta experiência”. Eulália Luzirão acredita que “por ser uma atividade tão diferente, vai ficar guardada na memória das crianças”.
