Ensino Superior

Estudantes da FDUC reivindicam ensino ao qual têm direito

Exames do 1º semestre do ano letivo 2021/2022 na FDUC marcados pelo regresso às queixas aos exames ‘online’. Manifestação na porta férrea expõe preocupações pedagógicas. Texto e fotografias por Mateus Rosário

Durante a tarde desta quarta-feira, 30 de março, parte da comunidade académica da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra (FDUC) reuniu-se para entregar à direção da faculdade 400 assinaturas através de um abaixo-assinado. As reivindicações tiveram início após o sino tocar as 17 horas em frente à porta férrea e contou com a participação de representantes do Núcleo de Estudantes de Direito da Associação Académica de Coimbra (NED/AAC) e do grupo de estudantes intitulados como Resiste Agora. Com um megafone, os estudantes apelaram por mais avaliações repartidas e por um ensino que têm “por direito”.

A elevada taxa de reprovação foi destaque da última época avaliativa. O artigo 131.º do Regulamento Académico da UC recomenda ao/à Diretor/a de cada unidade orgânica a “delinear um plano a implementar em cada ano letivo destinado a promover o sucesso escolar” em função dos “índices e taxas elevados de aprovação/reprovação das unidades curriculares”, relembra Gonçalo Lopes.  O porta-voz do Resiste Agora explica que o objetivo da manifestação é “ver os direitos postulados na vida prática do estudante”.

O vice-presidente do NED/AAC, Bernardo Garcia, revela que a proposta da manifestação foi apresentada e aprovada no último plenário do órgão deliberativo. Os representantes dos alunos, junto com os proponentes, organizaram a recolha das assinaturas e participaram da manifestação. “É um momento importante após uma época de exames atribulada em regime ‘online’, veio agravar injustiças junto dos alunos”, constatou o vice-presidente.

A ideia da manifestação é fruto da “caótica época de exames” do último semestre, conta Gonçalo Lopes. O organizador explica que, embora a FDUC tenha sido a única unidade orgânica com o regime de exames ‘online’, as falhas técnicas foram sentidas pelos discentes. A direção da faculdade “preparou mal as condições para os exames ‘online’, muitos estudantes foram prejudicados por quedas de ‘internet’, da plataforma”, destaca o porta-voz. O Resiste Agora e o NED/AAC mantêm uma relação com base no trabalho conjunto no sentido de “obter melhores resultados”, revelam os organizadores.

Ações Futuras

O NED/AAC tem como objetivo, até o final do presente mandato, apresentar documentos reivindicativos à direção da FDUC. Bernardo Garcia espera que o próximo período de avaliação não seja “denso” dada a disponibilidade de alguns docentes em realizar exames antecipados. “Se existirem mais exames antecipados, mais avaliações repartidas, de modo que junho e julho não concentre quatro ou cinco exames, os estudantes podem ter mais sucesso académico”, destaca o representante do NED/AAC. Já Gonçalo Lopes reitera que a ação na rua será mantida, enquanto soluções não forem alcançadas, e que a recolha de assinaturas estará “sempre em aberto”.

O que contam os estudantes

O Jornal A CABRA ouviu dois estudantes da FDUC. Maria Mailho e João Maduro, estudantes do 2º e 5º ano da licenciatura em direito, respetivamente, destacam que estas iniciativas são um bom método para alertar o corpo docente sobre a posição dos estudantes. “O abaixo-assinado é uma folha de papel que se complementa com a ação na rua”, observou João Maduro. Maria Mailho acredita que todas as iniciativas são “fundamentais” e que a eficácia das ações exige “colaboração da Faculdade e Universidade”. O estudante do 5º ano conta que é preciso ter visão bilateral ao considerar necessário olhar para os “problemas sofridos pelos docentes”.

Ambos apelam para a participação da comunidade estudantil em atividades reivindicativas e eleitorais. “É necessário que os estudantes debatam os problemas uns com os outros e venham para a rua, assim como votem com consciência em eleições dos órgãos representativos”, destaca Maria Mailho.

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