Adaptação dos contos de Valério Romão para o teatro é “bem recebida pelo público”. Cenário rotatório rouba a cena na nova produção da OMT. Por Frederico Biscaia e Larissa Britto
O Teatrão – Oficina Municipal de Teatro (OMT) está a apresentar até 16 de janeiro o espetáculo Da Família. Inspirado na obra de mesmo nome do dramaturgo Valério Romão, a peça é dividida em dois episódios, nos quais encenam cinco contos do autor. A OMT vai disponibilizar ainda duas sessões acessíveis, com o auxílio da Interpretação em Língua Gestual Portuguesa e de Audiodescrição, nos dias 15 e 16 de janeiro.
Nesta quinta-feira, o Jornal A Cabra esteve presente na OMT para acompanhar uma noite de espetáculo. Ao início da apresentação, a plateia foi recebida com um ato musical, que a acompanhou até o fim, em uma experiência sensorial que marcou a transição das cenas. A peça compõe-se com a rotatividade dos mesmos sete atores, que dão vida a personagens carregadas de humor, como se podia observar pela reação do público. Tudo isso constituiu uma apresentação aplaudida de pé.
A diretora artística do Teatrão, Isabel Craveiro, que também foi intérprete na peça, esteve em conversa com o Jornal A Cabra ao fim do espetáculo, ainda caracterizada. A diretora artística conta que a receção da peça “tem sido extraordinária, porque, apesar do teor de realismo fantástico, o tema aproxima as pessoas a um nível pessoal”. Isabel Craveiro considera que isto se deve ao facto de a família “ser a unidade básica da nossa sociedade, a qual tem visto mudanças profundas em sua estrutura muito devido ao êxodo rural e à precariedade no trabalho”.
A diretora artística refere que em preparação para a peça “a equipa trabalhou em laborátorio com Valério Romão, que foi desafiado a reescrever os contos para a cena”. Ressalta também que o espetáculo “deveria ter estreado no ano passado”, mas atrasou-se “devido à circunstância pandémica”. Agora após a estreia, a OMT segue atenta às normas de segurança, ao exigir apresentação do certificado de recuperação ou teste negativo PCR ou antigénio à entrada.
Um destaque deste espetáculo foi o uso de um cenário rotatório, que acabou por tornar a performance mais dinâmica e chamar a atenção dos espetadores. Isabel Craveiro explica que tratam-se de “unidades que funcionam como casas e, ao mesmo tempo, lembram um estúdio onde tudo é fabricado”. A inovação foi muito bem recebida pelo público presente, já que todos observavam com fascínio toda mudança de cenário, sem saber o que os aguardava no próximo ato.
Isabel Craveiro ressalta ainda a importância do “trabalho coletivo e artesanal” presente nesta peça e “cada vez mais raro nos dias que correm”. A diretora artística convida a todos para assistirem ao espetáculo, e frisa a relevância de retornar ao teatro para presenciar aos dois episódios, a fim de ter uma experiência completa “Da Família”.
