Ciência & Tecnologia

UC cria pratos doces e salgados com recurso a macroalgas

Fotografia cedida por Cristina Pinto

MENU oferece receitas sustentáveis com elevado valor nutricional. Produtos têm data prevista de lançamento para daqui a um ano. Por Francisco Barata e Inês Rua

O projeto “MENU: Marine Macroalgae: alternative recipes for a daily nutritional diet” vem oferecer refeições nutritivas e de fácil confeção, onde o ingrediente principal são as macroalgas da costa portuguesa. Coordenada pelo Centro de Ciências do Mar e do Ambiente (MARE) da Universidade de Coimbra (UC), esta iniciativa teve início a 6 de setembro de 2019. 

O objetivo de criar produtos de elevado valor nutricional e sustentáveis adveio da necessidade de dar resposta ao aumento da população mundial e de criar alternativas para determinadas práticas agrícolas, como o uso de fertilizantes e pesticidas, que são prejudiciais à saúde humana. Desta forma, a grande novidade encontra-se no facto de serem aproveitadas todas as propriedades das macroalgas e não apenas certos extratos ou compostos. 

Com data prevista de lançamento no mercado no prazo de um ano, a coordenadora do projeto, Ana Marta Gonçalves, esclarece que estes produtos são destinados aos consumidores que “procurem uma dieta rica, bem estar e que se preocupem com a sua saúde”. Através da realização de workshops de degustação, com a participação de pessoas de várias faixas etárias, a equipa tem apurado uma reação positiva e uma intenção de adquirir os produtos. 

A investigação desenvolvida tem-se centrado em identificar espécies de macroalgas, passíveis de serem utilizadas em produtos alimentares. O cardápio proposto oferece sopas, cremes, molhos, pratos principais (arroz, frango e pescada) e sobremesas. Para estas últimas, com gelatinas e pudins de vários sabores já lançados, a novidade tem-se centrado no desenvolvimento de mousses. 

Com o MENU, a UC vem dar resposta aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas, sobretudo os objetivos 2 (erradicar a fome), 12 (produção e consumo sustentáveis) e 14 (proteger a vida marinha). Através do recurso à aquacultura, “são produzidas macroalgas marinhas em grande escala sem prejudicar o ambiente”, esclarece a investigadora. 

O valor nutricional destas receitas apresenta vários benefícios para a saúde humana devido às propriedades antivirais, antibacterianas, antidiabéticas, antioxidantes, entre outras. Estas verduras do mar, devido à sua composição rica em ómega 3 e 6, contribuem para a prevenção e tratamento de doenças cancerígenas, oculares e cardiovasculares.

Esta iniciativa obteve financiamento por parte do Fundo Azul, um mecanismo da Direção-Geral de Política do Mar destinado a apoiar a investigação científica. Para além da UC, conta ainda com o apoio da Universidade de Aveiro, da Startup Lusalgae, especializada em biotecnologia marinha, e da Ernesto Morgado, S.A., a mais antiga indústria de arroz em Portugal.

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