Cultura

Semana Cultural da UC regressa em formato online

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Candidaturas para 23ª Semana Cultural da UC sobem cem por cento, em relação ao ano passado. Apesar das dificuldades, eventos online vão permitir abranger um maior público. Por Beatriz Monteiro Mota

As adversidades atuais não representam um obstáculo ao regresso da Semana Cultural da Universidade de Coimbra (UC), este ano, em formato online e com o tema da Humanidade. A 23ª edição tem início no dia 1 de março e vai contar com 30 espetáculos ao longo de quinze dias. Música, teatro, dança, exposições, performances, recitais de poesia e até atividades para crianças são algumas das dinâmicas oferecidas pelo programa.

De uma forma geral, a iniciativa “procura apresentar uma mostra transversal das várias formas artísticas, através de um conjunto de atividades que tencionam expor o que é feito dentro e fora da cidade”, como afirma o vice-reitor da UC para a Cultura e a Ciência Aberta, Delfim Leão. A abertura da Semana Cultural é marcada pela tradicional atuação da Orquestra Académica da UC, mas, desta vez, a partir de uma gravação transmitida na Sala dos Capelos no dia 1 pelas 21h30.

Delfim Leão conta que esta edição mereceu “um esforço global de adaptação para que toda a programação pudesse decorrer online”. Entre os vários ajustes necessários, salienta as transmissões dos espetáculos de teatro e de música, que tanto podem ser em direto como de gravações. Também as exposições e as instalações artísticas diferem dos anos anteriores, ao serem prolongadas no tempo “para que, quando as condições o permitam, seja possível revisitar no local”, afirma o vice-reitor.

Apesar da impossibilidade de realizar a Semana Cultural dentro dos moldes normais, Delfim Leão demonstra uma perspetiva otimista. “Em termos de candidaturas, verificou-se um crescimento de cem por cento em relação ao ano passado”, informa o vice-reitor ao esclarecer que este aumento “reflete a vontade de expressão e de comunicação através da arte”.

O aumento dos encargos e a necessidade de adaptação das apresentações para o formato online são apontadas como algumas das dificuldades causadas pela pandemia. O processo de divulgação da Semana Cultural também foi afetado, o que originou uma grande aposta no ‘marketing’ digital e nos já habituais meios de comunicação tradicionais. “A aposta no ‘marketing’ digital foi necessária para dar aos grupos a oportunidade de expandir o leque de pessoas a que podem chegar”, declara o vice-reitor.

As transmissões são feitas à distância, no entanto acabam por criar uma aproximação entre os agentes culturais e o público, explica Delfim Leão. O novo formato permite que a adesão seja mais global do ponto de vista geográfico dos espectadores, para que “seja possível celebrar a ideia da Humanidade e da capacidade de superação de dificuldades”, reitera. De forma expectante, o vice-reitor confessa que espera um reforço na capacidade de interação, já que os eventos online tornam possíveis as sessões de discussão.

A iniciativa tem a duração de quinze dias, contudo os eventos culturais não terminam neste prazo, de forma a permitir uma oferta durante todo o ano. Delfim Leão conta que a reitoria promove ainda um ciclo de teatro e artes performativas, a realizar de 15 de maio a 15 de junho, e um ciclo de música, previsto entre 8 de novembro e 8 de dezembro. “Os ciclos convidam a uma especialização das duas modalidades, áreas que são muito marcantes no histórico e imaginário coimbrão”, reconhece.

O vice-reitor realça o caráter internacional da Universidade de Coimbra e admite a tendência crescente para que as comunidades inseridas neste âmbito tenham um papel relevante na manifestação artística. “Nesta edição, em particular, as comunidades brasileiras e africanas possuem propostas que refletem a forma como compreendem, no seu imaginário, o local que as recebe”, refere.

A realização de eventos culturais no contexto pandémico é caracterizada como central por Delfim Leão, que diz ser uma opção muito clara da reitoria. Explica que, por um lado, “é uma forma de manter os canais de financiamento abertos” e por outro, “ajuda a manter a sustentabilidade dos grupos para que possam estimular a criatividade e para que não percam as dinâmicas de criação”.

Num cenário pandémico, a obrigatoriedade de tornar esta edição numa experiência online ganha um caráter positivo. “Esta experiência vai tornar possível aperfeiçoar a vertente dos espetáculos, da apresentação e da chegada ao público”, admite o vice-reitor. Acrescenta ainda que, no futuro, existe a possibilidade de conjugar as apresentações presenciais com uma estratégia de promoção dos eventos que integre a dimensão digital.

Delfim Leão lamenta a interrupção da Semana Cultural do ano passado, originada pela pandemia. Deste modo, ambiciona que esta edição represente “um ponto de viragem” que “marque o retorno progressivo à normalidade e ao desfruto das coisas mais simples”. Salienta a importância da temática da Humanidade no contexto atual, porque “concentra todo o processo de reflexão e de homenagem no ser humano e na sua capacidade de renovação e de resistência às adversidades”.

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