Cultura

CEC alia sétima arte à reflexão crítica

Francisca Soeiro

Ciclo de sessões de cinema promove o pensamento crítico e o debate. Fuga às produções de ‘Hollywood’ tem o objetivo de analisar novas perspetivas. Por Francisca Soeiro

Com o intuito de colocar os espetadores a pensar, o Centro de Estudos Cinematográficos (CEC) vai, nas próximas três quartas feiras, apresentar diversos documentários sob o mote “ Cinema, Ativismo e Sociedade”. “Democracia em Vertigem”, de Petra Costa, indicado ao Óscar de melhor documentário de longa-metragem em 2020, abre o trio de sessões. Este visa dar enfoque à situação política e económica brasileira, após o mandato de Lula da Silva e o ‘impeachement’ de Dilma Rousseff.

O presidente da CEC, João Pais, explica que a ideia de ativismo e sociedade está presente neste ciclo de cinema, de modo a consciencializar os espetadores para temas mais sensíveis. “A programação não é baseada única e exclusivamente em filmes que as pessoas gostem”. Acrescenta que pretendem ter uma conotação instrutiva e que apele à reflexão individual e à discussão. Para João Pais, “esta é uma época em que o cinema pode também ser uma arma para o ativismo e estamos a embarcar nessa mesma luta política e social”. Ainda assim, o presidente do CEC diz que as sessões pretendem ser parciais quanto à liberdade do outro.

Em relação à escolha dos filmes, o mesmo salienta que é importante ter uma exibição alternativa. “O CEC tenta passar filmes que não tenham sido produzidos em ‘Hollywood’ e que tenham menos distribuição do que se esperava”, explica. Acima de tudo o presidente conta que é importante que os filmes sejam poderosos na mensagem e conteúdo. Além disso, reforça que na programação vão estar presentes realidades de vários sítios do mundo, de modo a que possam ser analisadas novas perspetivas.

Segundo João Pais, “duas horas sentado é pouco para se ser ativista, mas para refletir podem ser suficientes”. O presidente do CEC afirma que no final de cada sessão há sempre espaço para questões a ser discutidas em debate. Deste modo, podem ser ouvidas várias visões sobre todos os espetadores da sessão. Apesar dos temas serem pessimistas, João Pais diz que “em filmes de caráter ativista é importante apelar ao sentimento para que certas situações possam ser corrompidas, no melhor sentido da palavra”.

O presidente do CEC conclui que a escolha dos documentários passa por “uma análise da sociedade a nível global, ou seja, permitir que os espetadores vejam outras realidades”. Reforça que na atualidade ocorrem uma série de situações de intolerância a que é preciso estar atento. Em relação à adesão, João Pais confessa que é sempre uma surpresa, mas que como a sessão é aberta permite que venham todo o tipo de pessoas.

A primeira sessão realiza-se hoje pelas 21h45, no Mini-Auditório Salgado Zenha da Associação Académica de Coimbra. As próximas duas vão decorrer no dia quatro e 11 de março no mesmo horário e local. “Isto não é um filme” e “Sinónimos” vão ser os documentários apresentados. Todas as sessões são gratuitas para estudantes.

To Top