Cultura

20 anos de estudos feministas e de género em retrospetiva

Filipe Silva

Comemora-se o vigésimo aniversário de “Faces de Eva” e da “ex æquo”. Estudos acerca das revistas deram lugar a uma troca de opiniões sobre a atualidade feminina. Por Carolina Fernandes e Filipe Silva

Foi num início de tarde solarengo que o Palácio Sacadura Botte acolheu, esta segunda-feira, a celebração. A Associação Portuguesa de Estudos sobre as Mulheres (APEM) promoveu o encontro, que contou com a presença de colaboradores de ambas as revistas. Os estudos sobre a mulher, o feminismo e o género nas últimas duas décadas foram os temas centrais do evento.

As apresentações “Duas décadas de estudos sobre as mulheres em Portugal” e “Estudo bibliométrico sobre ex æquo e Faces de Eva” foram o mote para o debate. São trabalhos da autoria de Sérgio Silva Rêgo, doutorando em Sociologia pela Universidade do Minho e de Elizângela Carvalho (com a colaboração de quatro outras autoras), respetivamente.  

Um dos pontos abordados nos projetos foi o idioma das publicações, que é, em grande parte, o português. Linda Coelho, investigadora do Centro de Estudos Sociais (CES), diz ser “crucial continuar a haver revistas sobre estas temáticas em português”. Acrescenta que isso apela à integração dos diversos países de língua portuguesa. Linda Coelho afirma ainda que há uma identidade enraizada na língua e que “pensar estas temáticas no nosso idioma é um traço fundamental”.

Teresa Pinto, antiga diretora da revista “ex æquo”, demonstra o seu receio no que toca à redução dos feminismos nas revistas, e realça a importância da agenda do movimento. “Este tema vai-se diluindo. É uma tendência internacional”, explica. Segundo a ex-diretora, os estudos sobre as mulheres nascem dos feminismos e “a agenda feminista foi essencial para estas investigações”.

O carácter multidisciplinar dos estudos sobre mulheres foi outro dos aspetos apontados no debate. A fundadora e ex-diretora da revista “Faces de Eva”, Zília Osório de Castro, afirma ter tido sempre em consideração a natureza pluridisciplinar e complexa do assunto. “Seria péssimo pensar que as mulheres têm só uma direção”, defende a fundadora.

A atual diretora da “ex æquo” e uma das organizadoras do evento, Virgínia Ferreira, aponta ainda novos desafios ao estatuto dos estudos feministas e de género, enquanto área científica no meio académico. “Há muitas universidades que estão a fazer planos para a igualdade de género e a Universidade de Coimbra é uma delas”, expõe a diretora.

O encontro surgiu da vontade de assinalar o vigésimo aniversário de ambas as revistas e foi o primeiro do ciclo de conferências. A próxima realiza-se no dia 2 de março, num local a designar.

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