Ensino Superior

Amílcar Falcão: “É necessário criar condições para que os estudantes queiram a UC”

Pedro Emauz Silva

Reforçar apoios à investigação como ponto fulcral da candidatura. Proximidade e maior autonomia das unidades orgânicas é defendido pelo candidato. Por Luís Almeida

As eleições para o próximo reitor da Universidade de Coimbra (UC) decorrem a 11 de fevereiro por votação do Conselho Geral (CG) da UC. Neste sentido, foram feitas audições públicas a cada um dos candidatos ao longo do dia de hoje. O primeiro foi Amílcar Falcão, atual vice-reitor. No seu currículo conta também com o cargo de diretor do Instituto de Investigação Interdisciplinar da UC e ex-diretor da Faculdade de Farmácia da UC (FFUC).

Amílcar Falcão começou por explicar que a sua ambição em ser reitor da UC vem do facto de ter a experiência e o conhecimento adequados para liderar esta instituição. Considera que os cargos que ocupou, e que ainda ocupa, tanto em unidades orgânicas da UC como na equipa reitoral, permitem ter diferentes perspetivas sobre as mais variadas questões.

O atual vice-reitor apresenta a sua proposta sustentada em três pilares. São eles o ensino, a investigação e inovação e os desafios societais. Acrescenta ainda a internacionalização como algo que é transversal a todos os anteriores. Numa perspetiva mais ampla, indica que os seus eixos de missão são as pessoas, a qualidade, as instalações, o financiamento e a comunicação.

Lembra, contudo, que o seu programa não é fechado e que é constituído por ideias exequíveis com as quais se compromete. Afirma, também, que mais qualidade significa mais atratividade e que, por isso, “é necessário criar condições para que os estudantes queiram a UC”.

Investir em áreas estratégicas e investigação

O candidato defende a definição de áreas estratégicas. No entanto, afirma que este é um trabalho para o CG e não para o reitor. Um dos pontos mais reforçados é o investimento na investigação. Amílcar Falcão pretende criar apoios aos investigadores e estimular a atividade científica. Coloca a hipótese de reduzir a carga letiva de forma a poderem concentrar-se mais na componente da investigação. Também dá prioridade à contratação de investigadores de alto calibre, que vai levar a uma bolsa de futuros professores.

“Não é gastar. É investir”. É deste modo que Amílcar Falcão vê a gestão dos recursos económicos. Não concorda com a acumulação de saldo, mas insiste que se deve ser “consciencioso em relação ao dinheiro”. O presidente do CG, João Caraça, questionou a viabilidade orçamental do projeto apresentado. Quanto a isto, o atual vice-reitor esclarece que “o programa tem um custo, mas as medidas são, sobretudo, a nível de organização”.

Outro projeto apresentado incide nas escolas doutorais. Ou seja, o candidato acredita que os estudantes de terceiro ciclo devem estar envolvidos na forma como são operacionalizados os programas de ensino. Refere ainda que há poucos alunos de doutoramento, o que leva à falta de sustentabilidade. Reforça que é preciso estudar as falhas e as causas de desistências.

Entre os membros do CG surgiu ainda a questão dos docentes que não dedicam muito do seu tempo à investigação. Em relação a esta questão, o ex-diretor da FFUC acredita que, numa instituição, nem todos têm de fazer o mesmo. “Docentes que não investigam ajudam noutras áreas”, declara.

Descentralização e proximidade

“As pessoas fazem os cargos”, reitera Amílcar Falcão. Apoiado na ideia de que as equipas necessitam de um líder, defende que deve haver proximidade das unidades orgânicas. Para estas estruturas, menciona uma possibilidade de maior autonomia. “A centralização cria deficiência”, afirma o atual vice-reitor. Permitir às unidades orgânicas ter alguma autonomia pode agilizar alguns processos, defende.

Outra proposta que diz apoiar é a criação de uma comissão de trabalhadores. “Lidar com as pessoas é um ponto crítico e estas devem sentir-se bem no local de trabalho”, reflete.

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