Representantes reagiram de forma diferente ao anúncio da medida a aplicar no início do próximo ano letivo. Ainda que ambos estejam satisfeitos pela redução, reitor acredita que ficaram prioridades por considerar. Por Maria Francisca Romão
A academia coimbrã acordou, no passado sábado, com o anúncio da redução de cerca de 200 euros na propina máxima, feito por Mariana Mortágua, deputada do Bloco de Esquerda. O presidente da Direção-Geral da Associação Académica de Coimbra (DG/AAC), Alexandre Amado, confessou sentir “uma enorme felicidade e orgulho”. Já o reitor da Universidade de Coimbra, João Gabriel Silva, declarou estar apreensivo.
Embora ainda sujeito a alterações, o Orçamento do Estado para 2019 fixou o limite de 856 euros para a taxa mais elevada a pagar pelos estudantes do Ensino Superior (ES). Alexandre Amado considera o valor “positivo e com um grande impacto social”. Argumenta que esta redução pode fazer com que estudantes que não poderiam ingressar na universidade o consigam agora fazer. “Ao final de um ano, é muito dinheiro”, sintetiza o presidente da DG/AAC.
“Não é uma vitória absoluta. É uma vitória parcial”
Alexandre Amado frisa que a redução da propina máxima é uma luta antiga da comunidade estudantil de Coimbra. “Foram 26 anos a persistir nesta causa”, recorda. Reconhece que o primeiro passo já foi dado, mas que ainda há 856 euros pela frente. Enquanto presidente da DG/AAC, admite que o seu objetivo sempre foi a eliminação total da propina.
“Esta medida prova de forma clara que vale a pena lutar e não desistir”, afirma Alexandre Amado. Ao destacar a persistência da AAC na causa Propina Zero, admite que sente esta vitória “como algo que pertence à casa coimbrã”.
“Um desconto de 200 euros para quem não pode pagar, mas também para quem pode pagar”
O reitor da Universidade de Coimbra salvaguarda que “baixar os custos do ES para as famílias é sempre uma boa ideia”. No entanto, considera que a redução da propina máxima não deveria ter sido a prioridade contemplada no Orçamento do Estado. Em alternativa, João Gabriel Silva sugere o reforço das bolsas de ação social.
A opção do Governo representa “um desconto de 200 euros para quem não pode pagar, mas também para quem pode pagar”, reflete. O reitor da Universidade de Coimbra recorda os cortes orçamentais, os aumentos salariais e o subfinanciamento das universidades que, somados à diminuição das propinas, representam “um prejuízo para todas as instituições de ES”.
Alexandre Amado exprimiu o desejo de ver as universidades compensadas pelo montante que vão perder, mas salienta que “não vale a pena entrar em dramatismos”.
Com Margarida Maneta
