Secção de Fado mostra desagrado com situações ocorridas na Queima das Fitas. Mondeguinas falam em “falta de respeito” por parte da Comissão Organizadora. Por Samuel Santos
A Secção de Fado da Associação Académica de Coimbra (SF/AAC) lançou, no último domingo, um comunicado na sua página do Facebook onde lamenta várias situações que ocorreram ao longo da Queima das Fitas 2018 (QF). A atuação tardia e respetivo corte de som na madrugada de dia 11 de maio durante as atuações dos grupos de fados foi o ponto em destaque no documento. O vice-presidente da SF/AAC, Emanuel Nogueira, exige “horas dignas para atuar” e que a “QF seja repensada”.
O secretário-geral da Comissão Organizadora da QF (COQF’18), Manuel Lourenço, considera que “todos os esforços foram feitos para cumprir as exigências da SF/AAC”. Explica que “às seis da manhã o som é cortado por limitadores por obrigação”. Manuel Lourenço defende que se deve trabalhar no sentido de as atuações “começarem a horas” e definir “quanto tempo tem cada atuação”.
Emanuel Nogueira vê como solução a redução de artistas no palco principal. “A QF não é um festival de verão mas sim uma festa académica”, lembra o vice-presidente da SF/AAC. Por sua vez, a presidente da tuna As Mondeguinas, Alexandra Mendes, aponta a redução de tempo de atuação dos artistas convidados como forma de resolver este problema. “Às Mondeguinas não foi cortado o som mas a atuação foi encurtada e a hora alterada, o que foi uma falta de respeito”, salienta Alexandra Mendes. No entanto, lembra que a mudança apenas será possível se existir união por parte dos grupos participantes.
O boicote anunciado pela SF/AAC na última Assembleia Magna foi feito devido “a várias situações, como as más condições financeiras e as horas de atuação”. Emanuel Nogueira lembra que a razão pela qual a Secção de Fado continua a atuar na QF é “a tradição e os estudantes que querem ouvir os grupos da SF/AAC no recinto”.
O vice-presidente da SF/AAC lamenta a perda de “identidade de Coimbra” e reforça que a Queima das Fitas deve ser uma amostra da cultura da academia. “O Sarau esteve vazio pois não houve divulgação e o Cortejo está descaraterizado, o que é um ataque à nossa identidade”, frisa Emanuel Nogueira. Contudo, Alexandra Mendes defende que a tradição não se perde porque os grupos lutam por ela. “A QF acontece para os estudantes e, por isso, os grupos devem unir-se em prol da mudança”, conclui a presidente d’As Mondeguinas.
Fotografia: Micaela Santos