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Tambores, bandeiras e cânticos: a marcha LGBT em Coimbra

Comunidade LGBT da cidade marchou contra homofobia, transfobia e pela defesa de igualdade. “Várias pessoas mostraram as suas verdadeiras cores, porque toda a gente trabalha no preto e branco”. Por Simão Mota

De pequenas bandeiras aos ombros a cartazes na mão, os manifestantes esperaram pela chegada da polícia e por uma grande bandeira com as cores do arco-íris, símbolo da comunidade LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgéneros), para iniciarem o seu percurso. A 8ª Marcha da Luta Contra a Homofobia e Transfobia realizou-se hoje no Dia Internacional contra a Homofobia, Bifobia e Transfobia. A iniciativa teve início junto ao convento de Sana Clara-a-Velha.

Os olhares dos transeuntes eram atraídos para os jovens, para as bandeiras às cores e para os gritos entoados. Um dos polícias presentes no local reportou, pelas comunicações, que estavam presentes cerca de 250 manifestantes. A marcha seguiu pela ponte de Santa Clara e enveredou pelo Largo da Portagem em direção à rua Ferreira Borges.

Entre os tambores e os cânticos dos manifestantes, as palavas de ordem reclamavam mais direitos para a comunidade LGBT, que, segundo Diogo Ribeirinha, membro da organização, sofre de muita violência e pressão. “Ainda há coisas por que se pode lutar. Enquanto houver pessoas mortas pela sua identidade, não se desiste e continua-se a marchar pelas suas vidas”, refere.

Kelly Bilela, uma das manifestantes, erguia um cartaz onde se podia ler “A minha namorada é lésbica”. Declarou que, embora não seja lésbica, o cartaz que trazia nas mãos serve “para chocar”. A trabalhar em Coimbra, Kelly Bilela refere que se manifestou pelos direitos da comunidade LGBT e deseja “que aqueles que não gostam, pelo menos não ofendam”.

Após uma paragem junto da igreja de S. Tiago, onde ecoaram os gritos e os tambores da manifestação, alguns manifestantes foram insultados por populares. Depois de alguns olhares trocados e depois de ânimos acalmados, a marcha chegou ao seu destino, a praça 8 de Maio.

Presente na manifestação estava Bárbara Anjos, estudante na Faculdade de Letras da Universidade Coimbra (FLUC). A estudante defende que devem continuar a existir protestos, por ainda se sentir a homofobia.

“Acima de tudo, falta não ter medo e isto é uma oportunidade estar na rua”, diz Catarina Agreira, membro do Bloco de Esquerda de Coimbra. “A luta continua e a mudança tem de partir das instituições, mas também das massas. Falta fazer muita coisa”, refere.

“Várias pessoas mostraram as suas verdadeiras cores, porque toda a gente trabalha no preto e branco”. É esta a síntese que Filipe Campos, estudante na FLUC, faz da manifestação. “Ainda há demasiado estereótipo. É preciso compreender o outro que, mesmo sendo diferente, tem de ser respeitado”, acrescenta.

Já na praça 8 de Maio, Diogo Ribeirinha proferiu um discurso recebido de forma entusiástica pelos manifestantes, que agitaram a grande bandeira da comunidade LGBT.

Fotografias: Simão Mota

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