Ensino Superior

Eurodeputados discordam nas críticas ao panorama do Ensino Superior

Diferentes visões, diferentes discussões. Foi este o resultado de mais uma sessão de debate sobre a “Educação: Uma Visão de Futuro”. Com um painel composto pelos eurodeputados António Marinho e Pinto, Francisco Assis e Miguel Viegas, o tempo foi escasso para a vontade de partilhar opiniões. Por Sandro Raimundo e Rafaela Carvalho

“O saber que é ministrado nas universidades” está “muito distanciado das necessidades do mercado global”, acusou o eurodeputado António Marinho e Pinto no debate da passada sexta-feira, 27 de fevereiro, que decorreu no Departamento das Ciências da Vida da Universidade de Coimbra (UC). Na sua opinião os estudantes estão “a ser ludibriados” e a verdadeira preocupação é apenas “garantir o emprego dos professores”. “Hoje os alunos não são tratados como alunos mas sim como clientes, os estudantes são meros sujeitos passivos da atividade docente”, remata.

O eurodeputado Francisco Assis, outro dos oradores convidados para a discussão promovida pelo Parlamento Europeu e a Associação Académica de Coimbra (AAC), admitiu não ter “uma visão tão negativa” ao ressalvar que “já houve gerações anteriores que foram mais acomodadas”. Ainda assim, Francisco Assis deixou claro que existe uma “desvalorização excessiva da função nuclear das universidades que é a transmissão de saberes” e que “a universidade contemporânea corre o risco da mercantilização excessiva”.

Em resposta às declarações dos seus colegas, o eurodeputado Miguel Viegas, acusa-os de ainda se encontrarem “no século XVIII, XIX” pois “o ensino superior atual tem três missões: ensino, investigação e transferência de conhecimento para o mercado”. Miguel Viegas trouxe também à discussão a questão dos novos cursos de dois anos ao referir que estes servem apenas para “trabalhar para as estatísticas da Europa 2020 que pressupõem que haja uma determinada percentagem de pessoas a frequentar o Ensino Superior”.

Oradores apresentam “uma visão do futuro”

Quanto à direção que os jovens devem tomar no seu futuro e nos das universidades, António Marinho e Pinto Marinho afirma não ser nenhum “profeta” e acredita que o futuro não será mais do que “a continuação do presente: um faz de conta”. Ainda assim, o eurodeputado pede aos jovens “sejam utópicos e exijam o impossível”.

Visão esta refutada por Francisco Assis que sublinha que os jovens não devem “acreditar em ilusões utópicas e milagrosas”. Segundo o eurodeputado os jovens portugueses vivem no “paradoxo” de terem de criar “um futuro num continente que é o mais velho de todos” e deixa o aviso de que “quando a sociedade resolve um problema, cria imediatamente outro”.

Debates AAC visam intervenientes políticos nas legislativas 2015

O ciclo de debates “Educação: Uma Visão de Futuro” teve o seu arranque no passado dia 10 de fevereiro e contou com a presença de António Sampaio da Nóvoa, antigo reitor da Universidade de Lisboa, Luís Marques Mendes, ex-presidente do Partido Social Democrata, e Rui de Alarcão, antigo reitor da Universidade de Coimbra. A iniciativa da Direção-Geral da Associação Académica de Coimbra decorre ao longo dos próximos meses e tem como objetivo a elaboração de um documento a ser posteriormente entregue a diversas entidades políticas, com vista às eleições legislativas de 2015.

 

Fotografia D.R.

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