Cultura

Textos de reclusos em exposição no TAGV

No próximo dia 25 de novembro é inaugurada a exposição “(Des)prender sentidos” no TAGV. Um projeto da SDDH/AAC, o evento irá expor textos de prisioneiros do Estabelecimento Prisional de Coimbra, escritos na sequência das sessões “Vai um café e dois dedos de conversa?”. Por Inês Duarte e Andreia Trindade

“(Des)prender sentidos” estará em exibição na Sala Branca do Teatro Académico de Gil Vicente (TAGV), de 25 de novembro a 5 de dezembro. Um projeto da Secção de Defesa do Direitos Humanos da Associação Académica de Coimbra (SDDH/AAC), o evento consiste numa mostra de textos redigidos por reclusos do Estabelecimento Prisional de Coimbra.

Os textos foram escritos no âmbito das sessões “Vai um café e dois dedos de conversa?”, que decorreram de 22 de maio a 26 de junho deste ano. Este 1º ciclo de sessões consistiu “numa conversa onde também se acaba por transmitir conhecimentos”, começa por referir Patrícia Santos, vogal da SDDH/AAC, em que a “intenção seria levar uma pequena formação de direitos humanos” a um grupo de prisioneiros. As conversas trataram de temáticas como a discriminação e o sistema judicial português, matérias que, segundo a vogal, estão relacionadas com “problemas que eles têm enquanto reclusos”. Nas sessões foi entregue a cada um dos reclusos um caderno onde estes escreveram os seus pensamentos e reflexões, que vão agora ser exibidos na exposição. “A exposição prende-se sobretudo com os cadernos, embora a formação tenha tido um âmbito muito mais alargado”, afirma Patrícia Santos.

Conseguir “uma abertura de mente e ajudar a desconstruir alguns estigmas” é, segundo a vogal, um dos objetivos da exposição. “Tentar encontrar o melhor que existe neste sítio que é tão mau” e que “nem todas as pessoas que estão em reclusão são pessoas más e de que nos queremos afastar”, alcançar quem ainda pode ser mudado, explica Patrícia Santos.

A adesão dos reclusos começou por ser algo reticente, por ser, nas palavras da membro da secção, um “projeto novo” que aborda um tema “sensível” por se estar a discutir direitos com “pessoas condenadas por violarem direitos humanos”.

A exposição tem como público-alvo qualquer faixa etária. No entanto, a vogal conclui que são principalmente os alunos de áreas como psicologia forense e justiça os que terão “mais a ganhar com os resultados e com a experiência que nós obtivemos com este projeto”.

Penitenciária 1

Foto: DR

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